Portal da Tribo de estrelas - XI - A Precipitação da Estrela

Dissera e repito ainda hoje: não temos uma verdade e isso é magnífico. Não sabemos para onde vamos e isso nos garante a sagrada herança dos mistérios. O que seria a Tribo de Estrelas? Não era tribo. A gente iria chamar de Família de Estrelas, mas o termo aparecia no Livro Portal 11:11 e decerto não poderíamos usar. O que sabíamos é que estávamos trabalhando criteriosamente e que acreditávamos, como acreditamos, que enquanto nos distraimos no jardim dos sentidos, seres amoráveis trabalham por tudo e todos.
Por isso, ano a ano, mês a mês, nos reuníamos e fazíamos a nossa parte. Era 2005, estávamos no ano da verdade, da concentração e da cura. O raio verde no comando e nos concentrávamos ainda mais na abertura futura do portal 11:11. O que seria esta abertura, a mim que inspirava pessoas, era desimportante do ponto de vista fenomenal, mas indispensável quanto a acertar os passos internos rumo a uma jornada interna magicamente iluminada.
Quando me perguntavam e me perguntam quem éramos ou o que somos, como grupo espiritualista, digo francamente que não sei, mas sei que somos algo fundamental para a humanidade, porque não temos certezas, regras, milagres, curas ou passes deliberantes que desencadeiem soluções para os dilemas humanos. Somos tão somente seres livres trabalhando para libertar pessoas do jugo massificante das crenças encruadas, levando-as a pensar que são corresponsáveis pelas grandezas despertáveis, no aqui e agora, ou pelas pequenezas que possam atrapalhar o enlevo existencial, também no aqui e agora.
Ocupamos posições móveis no universo e estamos sob o ritmo da respiração poderosa de algum Espírito Santo, talvez Aéolo. Quando ele expira, as gentes nascem, os espíritos despertam para novos trechos da jornada, sob a proteção sustentadora da obra existencial individualizada. Quando ele inspira, em vez de morrermos, interagimos um pouco, na grandeza deste Espírito, talvez consultando o mapa da sacralidade, para depois continuarmos na estrada rumo ao infinito. 
Somos sumo de estrela, aprendendo a ser estrela, porque somos capacitados para nos autoalumiarmos e alumiarmos. Nossos pendores são ativados por fulgores que somente os sóis conhecem. Nada mais e tudo isso. Os deuses estão à espera dos nossos acendimentos peculiares, personalíssimos e indesviáveis de nós mesmos. Este é o nosso destino: disseminar iluminuras individuais que, na soma, personaliza coletivamente a luz. É tudo que posso dizer sobre o que agora chamamos Tribo de Estrelas.
Nós nunca tivemos uma verdade. Fazíamos vivências, conversávamos e melhorávamos um pouco mais e continuávamos a jornada. Naquele 2005 alugamos um sítio em Itapevi. Era uma casa cheia de quartos sombrios, algumas camas de solteiro, beliches, uns degraus em quase labirinto, mas tinha um salão grande, onde podíamos nos distribuir e nos ver olho no olho. Distribuí dois quadrados de cartolina para cada um e um segundo antes não sabia o que faríamos. A menina Mara houvera disposto um quadrado sobre o outro, formando as oito pontas, com os ângulos formados pelos quadrados superpostos. Estava ali a estrela da Tribo de Estrelas.
A partir dessa ideia pitagórica, simples como os números, os participantes denominamos as áreas da vida no corpo da estrela. Foi uma vivência novíssima, com uma linguagem própria, que se delineia até os dias de hoje. 2005 foi um ano mágico. Precipitou-se a estrela e iniciou-se a filosofia que hoje compartilhamos. 
Iríamos nos chamar Família de Estrelas, mas o termo pertencia a Solara, autora do livro Portal 11:11. Precisávamos de um termo que significasse afinidade conjunta, algo que lembrasse união em torno de um agrupamento fraternalmente funcional. Foi então que surgiu a ideia de Tribo e de fato, quando penso no termo Tribo de Estrelas, concluo graciosamente que agimos assim mesmo. Estejamos por onde estejamos, espalhados por este planeta sofrido e belo, pertenceremos, ainda que inconscientemente, a esta tribo.
Nossa feitura de estrela é uma construção de alas resplandescentes com as quais trilharemos o infinito. Em algumas das curvas cosmológicas, de vez em quando, nossas memórias nos recordarão de que somos nativos desta tribo, despretensiosa e lúdica como são todas as tribos inocentes. 
Então indicaremos com risos internos nossas posições no universo e seremos como minúsculos olhos divinos piscando uns para os outros. Esta será a sinalização de que estamos cheios de plenitude, como decências presenciais em movimento, no movimennto contínuo do ritmo sagrado dos espiritos santos. Estaremos sempre nos aprontando no sempre para complementarmos a obra cósmica com o que podemos gerar de dentro para dentro de nós, no dentro das coisas que só possuem o lado de dentro. É assim que nos identificaremos como hóspedes eternos da interioridade dos deuses, este espaço tempo ideal para brincarmos de estrelas.