Portal da Tribo de Estrelas VIII - O saguão do ano de 2005 e o Padre Fábio de melo

No final de 2004, os participantes da Tribo de Estrelas visitamos o seminário, na cidade de São Roque (foto). Houvéramos ido a diversos lugares de diferentes credos. Fomos a centros espíritas, de umbanda e de candomblé, além de termos visitado alguns templos budistas, inclusive, um muito bonito, que existe na cidade de Suzano.
Eu já intuía que a liberdade de crer esclarecidamente é o único antídoto sagrado para combater a insustentável maneira de crer da maioria dos adeptos de todas as religiões. Infelizmente cabe a generalização e explicarei adiante. Cada visita gerava mais ideias e debates, sendo que guardávamos uma necessidade de deixar amadurecer as discordãncias. 
Eu estava lendo os ateus e, em vez de ficar devastado, espiritualmente falando, minha mente se abria para um Deus muito maior e mais abrangente do que nos falam a Torá, o Novo Testamento, o Alcorão e até o Livro dos Espíritos ou o Evangelho Segundo o Espiritismo.
Simultaneamente eu acompanhava as pesquisas sobre o mapa de genoma, as descobertas sobre as subpartículas, a iminência do aprofundamento a respeito da subpartícula Boson de Higgs, o aparecimento de novos sóis e planetas, a grandeza divina se engrandecendo ainda mais, em tempo real, sem que os profetas conseguissem estagnar a onda de algo que vai muito além de mandamentos, sacramentos, aleluias, jejuns, ramadãs, reencarnações, incorporações e hosanas diversas, dos variados credos.
Eu me sentia muito menor, porque o Deus não bíblico crescia ainda mais, ao mesmo tempo que, tornando-me menor, sentia-me também mais importante e digno, porque então desaparecia por completo a ideia de céu, de inferno, de demônio e entidades afins. 

A grandiosidade supera pequenezas: este foi o ponto de partida para a filosofia da Tribo de Estrelas.

É claro que quando falei da "Linguagem de Deus", do diretor responsável pelo desvendamento do mapa de Genoma, Francis Collins, quando citei o livro, "A escalada do monte improvável" de Richard Dawkins, quando sugeri a leitura de "A morte da fé" de Sam Haris e também indiquei o livro "Deus não é grande - como a religião envenena tudo", de Christopher Hitchens, além do fantástico livro "A biologia da crença", de Bruce Lipton, alguns dos meus amigos acharam que eu estava louco.

Mas eu estava somente encantado com um novo Deus, aquele que nem os homens nem a Ciência conseguiam abarcá-lo ou deturpá-lo.

Quase desisti, quando no meio de um ideário, uma das pessoas mais inteligentes e estudiosas do grupo, naquele tempo, se levantou e nunca mais nos procurou. Eu compreendi que estava no caminho certo, por uma intuição avassaladora. 
Eu lia sobre o funcionamento das pessoas e a relação que tinham com seus credos e as via contradizendo o meu Deus libertário, porque náo é possível que os deuses conhecidos escrituralmente concordem com as aberrações que vemos por causa da fé.
Depois continuo falando da virada de 2004 para 2005. 
É que publicaram hoje na minha página da internet que o padre Fabio de Melo houvera sido excomungado por ter negado os poderes de Maria, quanto à salvação. 
Bom, Maria é um ponto de divergência terrível entre católicos e protestantes e ambos os lados, provavelmente estejam equivocados, primeiro, porque quando Calvino e Lutero fundaram o protestantismo, o problema era mais evangélico,um tanto totêmico e dogmático, mas era mesmo uma disputa de poder.. 
Os santos e as imagens são um ponto fraco do catolicismo, somente superado pela energia das pessoas que simplesmente fazem os santos crescerem em prestígio pela valorização contínua que se transforma em rito real. 

Quem não entende de energia jamais vai entender o poder dos santos. 

Quem não entende de negócios jamais vai entender a dissidência de Calvino e Lutero e isso explica porque haja mais de oitocentos meios de se evangelizar e porque os irmãos se desentendem facilmente, sempre abrindo uma nova porta para o céu. 

Em verdade, católicos e evangélicos precisam ser compreendidos, na sua infinita inocência, diante do verdadeiro Deus, ainda em fase de desvendamento. 

Sinto tremenda compaixão por todos.

Eu me comovo de verdade com algumas manifestações religiosas e me sinto impotente a respeito de qualquer mudança por estas vias. Então, quando escreveram uma notícia falsa sobre o Padre Fabio de Melo, acrescentando que até ele duvidava da fé católica e dos poderes de Maria, etc, etc, baboseiras e mais etcétaras, resolvi intervir, mais para salvar minha página do que para tentar salvar as pessoas do equívoco. Afinal tem gente minha, muito amada, caindo em esparrelas religiosas, sem que eu nada possa fazer.
E eu que já havia prometido a mim que não me embateria mais com religiosos, tive de esclarecer alguns pontos tolos e termino o artigo com o que lá escrevi, correndo o risco de perder amigos:
1) O padre Fabio de Melo não foi excomungado e não deixou de ser padre. A notícia é falsa. 
2) A polêmica sobre se Maria salva ou não, é daquelas que se somam a tantas outras, como, por exemplo: o Judaísmo que difundiu o Deus de Abraão (suposto Pai de Jesus) não acreditar que Jesus é o Messias e também dizerem que Jesus não salva. Milhões de pessoas estão com eles nesta crença. 
3) Cinco bilhões de pessoas não creem em Jesus. Um bilhão de católicos creem que não somente Jesus, mas também todos os santos podem interceder na salvação e na cura miraculosa dos males mundanos. 
4) Quase um bilhão de pessoas, no mundo, são evangélicas e creem no que Calvino e Lutero professaram sobre a bíblia. Mas ninguém explica o que é mais plausível, se acreditar em Maria ou numa vassoura ungida que custa mil reais.
5) Três bilhões de pessoas acreditam em Alá e acham que ele é o único Deus. Afora isto já existem 11 países, onde a maioria das pessoas é formada por ateus. 
6) Em termos religiosos, todos gritam e ninguém tem razão total. Uma coisa é absolutamente verdadeira: temos de respeitar, ainda que não concordemos.
7) Cada crente acredita piamente no seu Deus e defende tremendamente sua crença, mas a verdade é que, enquanto não houver congruência entre os crentes, que eleja um único, poderoso e inequívoco Deus, como o cara, entre todos os caras, o melhor é cada qual ficar na sua, porque é tão grande a confusão que causa descrédito. 
8) Em todas as religiões existem pessoas como o padre Fábio de Melo, com pontos de vista conflitantes quanto à doutrina e á instituição. E a maioria delas está certa.
9) No Judaísmo existem os ultrarradicais, os radicais e os moderados. No Cristianismo existem duas correntes distintas que se confrontam quanto ao evangelho de Jesus: o Catolicismo e o Protestantismo. No Catolicismo existem os carismáticos e a Opus Dei, além dos praticantes e não praticantes, que marcam diferentes teorias sobre o evangelho. Os protestantes se dividem em mais de 800 correntes diferentes de credos sobre Jesus. O islamismo tem, desde os fundamentalistas, passando pelos fanáticos, indo até os que defendem a moderação nas escrituras do Alcorão. 
10) Quem estuda a História das religiões, na maioria das vezes, conclui que é muita falácia e pouca verdade. Mas este é um detalhe sempre desprezado.
11) Pelo exposto, acreditar em quaisquer das correntes de fé e tomar partido ou criticar ou defender suas posições publicamente, enfrenta uma situação temerária. Quando o assunto são os deuses, todo mundo grita, ninguém entende e a confusão aumenta. 

No final, vale mais aceitar que existe uma força extraordinária na estrutura cósmica, da qual a gente pouco sabe e pela qual viemos aqui e, somente muito adiante, é que saberemos um pouquinho mais. 

Ser fraterno, ser decente e complementar amorosamente os recortes de realidade que surgirem, é a melhor estratégia para merecer o melhor que o Cosmo pode oferecer. 

Que todos os santos e todos os padres e pastores e rabinos e xás e mães e pais de santo e califas e budas e gurus e até faquires nos abençoem, porque bênção de humanos é igual água benta, se não fizer bem, mal não faz.