22 tópicos para esconder as crianças, enquanto adultos erram ou se equivocam?

 

Parei de contar a história do surgimento da Sociedade Espiritualista Tribo de Estrelas, quando falávamos do ano de 2004. Interrompi a série para falar dos assuntos extraordinários do domingo, quando colocamos a deusa Tara, no seu lugar definitivo. Hoje voltaria a contar sobre as ocorrências de 2005, mas as estatísticas reveladas ontem, a respeito de crianças molestadas sexualmente, dentro de seus lares,  me obrigam a tratar antes, da postura da Tribo de Estrelas perante o público infanto-juvenil.
Se você é pai ou mãe, leia tudo que este artigo trata, porque é fundamental para o futuro de seus filhos. Primeiramente, por inteligência e não por crença, entre neste link  https://ateus.net/artigos/ceticismo/boas-... e leia a carta que Richard Dawkins enviou à sua filha de dez anos. É a carta de um ateu, mas que espiritualiza o leitor, dando perspectivas conscientes sobre se é válido ou não envolver crianças com religião, desde cedo. Se após ler, suas convicções não mudarem, então siga em frente. Se mudarem, então, bem vindos à espiritualidade esclarecida.

Até adquirirmos o campus da Tribo de Estrelas, muitas crianças nos acompanhavam nos ideários prolongados. Não tinha problema, porque, enquanto os adultos vivenciavam as atividades, as crianças brincavam. Procurávamos alugar sítios com piscina, extamente por causa disso. Eram crianças de seis, sete anos, em diante e nós, às vezes tínhamos o cuidado de não deixar que presenciassem as reuniões mais específicas. Entretanto, me incomodava, porque sei que o que uma criança ouve, vê, sente e pressente, na infância, decerto vai marca-la decisivamente para sempre. Piaget e Lev Semenovitch Vygotsky, me ensinaram isso e jamais vou esquecer.

É uma responsabilidade enorme e eu já considero ser um mal: batizar, levar crianças muito cedo às igrejas, fazer primeira comunhão, crismar, dentre outros ritos sociais e tradicionais, que as instituições religiosas inventaram para garantir a enformação religiosa do ser humano. Por causa disso, algumas pessoas até deixaram de falar comigo.
Todas as religiões tradicionalistas são rigorosas, quanto a este encaminhamento, desde cedo, por questões morais, conservadoras e comerciais. Diria, por questões de sobrevivência dogmática e de ascendência sobre o formato mental das criaturas.
É preciso emendar as pontas deste imenso nó górdio e tentar desata-lo no que se refere à Tribo de Estrelas. Vou aqui traçar 22 passos e espero que, ao final, a gente consiga ter esclarecido, em definitivo, todos os pontos, principalmente para aqueles amigos que ainda não compreenderam, qual a nossa proposta para incluir crianças nas atividades da Tribo de Estrelas:
01)   Sistemas civilizatórios, religiosos, políticos, filosóficos e sociais se perpetuam pela hereditariedade informativa, portanto e de cara: moral e conservadora.
02)   Está-se no século XXI e estas transmissões, de geração para geração, não solucionaram os principais e mais básicos problemas de convivência. Sequer as religiões conseguiram concordar sobre qual Deus é o mais abrangente, quando se trata de conflitos e soluções.
03)   Por causa disso, evangélicos e católicos discordam sobre o evangelho de Jesus. Evangélicos se dividem em inúmeras correntes. Católicos se dividem em radicais, moderados e neutros. Judeus não compartilham das mesmas definições práticas sobre a Torá. Também não consideram jesus como o Messias. O islamismo se apresenta como um conjunto temerário de intenções e práticas, ao mesmo tempo, que seus adeptos, em maioria, veem em Alá, a redenção, mas esta redenção limita, por exemplo, a ampliação dos direitos humanos da mulher. Mesmo o Budismo, se espalha pelo mundo, com diversas interpretações diferentes. E por aí, vai.
04)   Se falarmos da herança política, então, tudo se complica, porque, em todos os tempos, este ramo de atividades, fundamental para a sociabilidade, apresentou maus exemplos, em número estrondoso, o que redundou em descrédito, desconfiança e impotência, por parte de quem depende do funcionamento ideal das instituições.
05)   Em todos os sentidos, um tipo de gene anômalo atravessou milênios, sem que a gente retire deste fato, a ação, sobretudo, da transmissão feita pelas religiões, porque, se todos os tópicos sociais envolvem a família e se todas as famílias recebem os novos seres na Terra e já as enviam para alguma religião, significa que a religiosidade, em tese e a priori, forma as mentes, desde muito cedo. Então, por que os desígnios evangélicos não sustentam seus filiados na trilha do bem?
06)   Regra geral, pessoas acreditam em algum Deus, mas não se tornam boas, solidárias, verdadeiras, humanitárias, amoráveis, fraternais. Logo, a questão, me parece, não é ter uma convicção religiosa, mas ter uma convicção humanitária, por meio da qual se oriente, durante a vida. Numa tacada, isso interromperia o fluxo do egoísmo, da competitividade, da ganância, da corrupção e da violência. Por este ângulo, a religiosidade faz mais mal que bem, mas este é um tópico, sobre o qual não se deve fechar a ideia e sim meditar.
07)   Se os adultos erram e se equivocam e têm dificuldade de serem integralmente fraternais, apesar das suas crenças e insiste em perpetuar padrões ineficazes de convivência, aonde esconder as crianças, enquanto este modelo inconveniente persiste?
08)   A Tribo de Estrelas começou a colocar em dúvida, a validade de envolver crianças na sua filosofia novíssima e inovadora, porque existe um dilema ainda não resolvido: quem está mais próximo de Deus: as escrituras ou o desdobramento científico? Enquanto não se mesclarem as duas vertentes, igualmente fortes, e fazer uma interagir com a outra, as crianças deveriam ocupar um campo neutro.
09)   É certo que as escrituras trazem grandes ensinamentos, mas, na prática, nunca foram executados. Os malfeitos das instituições religiosas, em todos os tempos, somados os procedimentos comerciais e os fenômenos de meia tigela, de alguns grupos, precisam gerar dúvida nas pessoas de bem. Entretanto, não geram e essa barreira da cegueira ainda demorará a ser desobstruída.
10)   Por outro lado, dogmas religiosos, nos últimos sete séculos foram verdadeiramente derrubados pela Ciência. Quem insiste em negar age de má fé e essa má fé perdura, em todas as religiões, porque, inadmitir os desvendamentos científicos é um mal para a humanidade, achata a mente e retarda o processo evolutivo da espécie. De novo, aonde esconder as crianças, enquanto estas barbaridades são defendidas por avós, pais, tios, parentes, amigos, padres, pastores, rabinos, monges e califas?
11)    A Tribo de Estrelas pratica um ideário cósmico. O que vem a ser isso? Uma tentativa hercúlea de conversar sobre estes dilemas, cuidando de, na simultaneidade, seus participantes já se tornarem cidadãos cósmicos conscientes, sabendo que fora da fraternidade ideal, da Cultura de Complementaridade e da decência presencial em movimento, a espécie não chegará à plenitude existencial. É simples assim e guarda uma complexidade que assusta. Aonde a gente coloca as crianças neste contexto?
12)   Não podemos confundir as crianças, porque no restante da sociedade, ela será induzida, incentivada e provocada, até mesmo pelas propagandas de tevê, pelo modismo e pelo consumismo, além dos outros grupos que se manterão guiados pelo gene anômalo civilizatório, político e religioso, a agir de forma igual e não tão diferente como é proposto pela Tribo de Estrelas.
13)   A Tribo de Estrelas é um grupo pequeno, anônimo, quase inexistente, mas tem propostas grandiosas e abarcantes de um novo estilo de vida para as pessoas. Não temos verdades. Talvez o único grupo espiritualista do planeta, que tem mais dúvidas do que certezas. Isso causa confusão até em adultos, bem instruídos e de berço formativo atuante, imagine em toda e qualquer criança. A responsabilidade é enorme.
14)   A carta de Dawkins à filha se junta à notícia veiculada ontem no UOL. Na carta, ele instrui à filha a antes de crer, formar claramente uma boa razão para crer ou para descrer. A notícia traz a terrível estatística de que, a cada três horas, uma criança é explorada ou abusada sexualmente dentro de casa, por pessoas muito queridas ou por pessoas bem próximas. É alarmante e cabe de novo á pergunta: aonde esconder as crianças, enquanto os adultos agem como monstros?
15)   A Tribo de Estrelas age com a ideia de inclusão do arco-íris, o que vem a ser, acolher espontaneamente gente de todo o leque da diversidade sexual. E pasmem, há adultos homossexuais que preferem frequentar grupos tradicionalistas, mesmo sabendo que nos esteios desses grupos, consta a exclusão dos gays ou a cura deles ou meramente ignorá-los. Adultos podem decidir não frequentar um grupo que funcione assim, mas uma criança não pode decidir sozinha sobre este tópico.
16)   Vedar à criança este embate, desde cedo, por incrível e paradoxal que pareça, faz mal, porque ela já podia se tornar alguém inclusiva e humanitariamente dócil, mas o tradicionalismo social e religioso, decerto, traria problemas à Sociedade Espiritualista Tribo de Estrelas, podendo, inclusive, dizer, que estaríamos incentivando a prática da homossexualidade. As religiões tradicionalistas podem instigar o preconceito, afirmando, como matéria de fé, que a homossexualidade é aberração e fazendo crianças crescerem com essa ideia, tão pouco justa e tão menos científica. Mas eles são protegidos por lei. Nós, não. Temos de tomar cuidado com o mal que o pessoal que se diz do bem e de Deus, promove por causa das crenças.
17)   Há entre nós pais de crianças em diferentes idades. Na inauguração de junho, enfrentamos enorme dificuldade. Parte das atividades exige atenção plena dos adultos e, com criança, como fazer? De outra parte, estes pais são pessoas importantíssimas para a Tribo de Estrelas, mas tivemos de tomar uma decisão. Optamos por deixa-los de fora, mas essa decisão é muito delicada e até pode causar mal entendidos.
18)   Outra verdade, é que crianças, durante as cerimônias, causam bastante ruído. Até aí, nada demais, porque a verdadeira concentração, principalmente a meditativa, só é válida se suportar, inclusive, o caos.
19)   O motivo real de base é não criar no imaginário infantil, um cenário que leve a criança a uma fantasia ou a uma crença fora de hora. E é sempre fora de hora, qualquer cenário que vá mexer com a vida inteira da pessoa e que não esteja claro para esta pessoa. É isso que os religiosos mais conservadores não compreendem e irresponsavelmente fazem o contrário, dizendo que é para o bem da pessoa frequentar desde cedo, as mesmas instituições frequentadas pelos pais.
20)   Por isso, a Tribo de Estrelas, em ocasiões corriqueiras, orientam os pais, a um cuidar das crianças, fora do âmbito cerimonioso, enquanto o outro assiste à cerimônia.
21)   A ideia é que somente depois dos dezesseis anos, a pessoa seja despertada para qualquer tipo de crença. Esta decisão é a mais justa e menos invasiva.
22)   Entre os demais, quem não é pai ou mãe não pode vedar crianças aos eventos, por causa do seu conforto e para sua comodidade. A questão espiritual, perante as crianças, exige a máxima atenção amorosa e responsável, tanto diante da sociedade, quanto diante do plano sobrenatural.        
No mais, crianças precisam de exemplos e não de religião, porque, na sua inocência intrínseca, serão acolhidas indistintamente por quaisquer deuses, exceto se estes adotarem como princípio de inclusão, as convicções humanas. 
Que os pais sejam decentes em pensamento, sentimentos, palavras e atos e espontaneamente seus filhos aprenderão muito mais do que com os ritos religiosos, a eles impostos.