Tapiraí - um destino turístico imperdível mas ainda confuso

Acabo de chegar da reunião do Conselho de Turismo do município de Tapiraí, quando o presidente do conselho apresentou um plano de marketing para a cidade. 

 

Tudo muito bom, desde os tópicos fundamentais, às observações do prefeito até os questionamentos dos participantes. 

 

Creio, porém, que existem equívocos profundos sobre este assunto. 

 

Sempre com o intuito construtivo enumero aqui cada um desses equívocos e suas consecutivas correções, a saber:

 

01) O prefeito de Tapiraí deve corrigir imediatamente o foco da sua administração com relação ao Turismo, isto para 2015, porque 2014 já está comprometido. Os dois grandes eixos administrativos da cidade, afora, é claro, as obrigatoriedades inevitáveis, como folha de pagamento, serviços básicos e afins são - a atenção para a auto-estima dos cidadãos e obviamente a estruturação turística do município.

 

A auto-estima está bem cuidada com as iniciativas implementadas em 2013, mas a estruturação turística foi mínima, embora importante com o trabalho efetuado nas cachoeiras do Chá, do Limoeiro e do Alecrim. Pouco, mas válido.

 

02) O Sr. Todesco precisaria ter privilegiado a infraestrutura turística antes de pensar na Casa do Artesão e no Posto de informações turísticas, assim como não se deve colocar em prática um plano de marketing antes de ter-se um roteiro bem apresentável. Por aqui começa a confusão.

 

Quem convida alguém a sua casa trata de arrumá-la, deixá-la minimamente em ordem para causar mais do que uma boa impressão, mas sim uma consideração para com o visitante. 

Todos dizem que o turismo de Tapiraí precisa acontecer, porém não é possível iniciar essa luta sem um Plano oficial de infraestruturação. 

A prefeitura há de ter um objetivo prático e contínuo sobre isso. A cada reunião retorno com a sensação que o COMTUR não é compreendido por quase ninguém e até mesmo o plano de marketing (muito bom por sinal) está fora da necessidade básica que o turismo tapiraiense requer.

 

02) Foi dito que Tapiraí tem 80% de belezas naturais para mostrar. É verdade. Mostrar como? Há acesso decente para as atrações existentes dentro desses 80% de grandezas? Não, não há, então não se pode dizer e propagar que se tem, se não se tem como mostrar dignamente. É como alguém que arruma a casa para receber a visita e os cômodos da casa em que a visita ocupará se encontram interditados, sujos ou inadequados para a permanência.

 

Então Tapiraí tem 80% de atrações naturais prontas, é verdade, isso pode ser dito, mas com adendo de que não podem ser visitadas por falta de cuidados administrativos, que vão desde o acesso, passando pela ambientação de cada atração, indo até a falta de informações claras e centralizadas de como visitá-las. 
Fazer um plano de marketing sem antes arrumar isso pode queimar o projeto turístico ainda na vinga.
A solução é a prefeitura imediatamente criar uma secretaria de turismo que, na prática, crie um cronograma real de infraestruturação de todas as atrações existentes que, ao ser executada, vai sendo propagada pelos meios indicados no plano de marketing. Essa secretaria poria em ordem de prioridade os objetivos turísticos da cidade, por exemplo:
 

a) Vamos fazer acordos com os donos de cachoeiras e reservas para criarmos acessos adequados em dois anos. Nos dois anos a prefeitura teria uma quantidade "x" de atrações dignas de constarem de um roteiro turístico. Pronto, o turista assistiria ao apelo propagandístico e, no mínimo, ao chegar encontraria as atrações.

 

b) Vamos catalogar todas as atividades relativas ao turismo, orientar os agentes sobre posturas perante o turista e fazer a manutenção dessas informações até que os agentes se sintam preparados. 

Não importa se no começo não houver demanda. Importa que haja gente esperando gente e preparada para receber. No começo é um trabalho invisível, mas profundamente importante.

 

c) Vamos unir os pousadeiros e os comerciantes, não no sentido de altos investimentos para uma demanda de turistas que chegará aos poucos, mas para que entendam a importância dos seus papéis e sobre as expectativas do turismo para seus negócios.

 

d) Na simultaneidade da estruturação do roteiro turístico vai se levando a população a conhecer o roteiro, a entender onde é, como funciona e ao que se destina. Essa campanha deve coincidir com a sinalização padronizada de todas as atrações, com placas e cartazes que contemplem as atrações de forma clara e centralizada para facilitar a comunicação e para evitar a poluição visual.

 

e) Somente depois desse trabalho é que deveria se construir o Posto de Informações Turísticas e começar a executar o Plano de Marketing propriamente dito com toda ênfase necessária. 

Casa arrumada, propaganda, resposta do turista, chegada deste e um roteiro real e bem cuidado lhe correspondendo.

 

Talvez por causa das confusões clareadas aqui é que haja tanta discussão vaga durante as reuniões. Pelo visto, a casa do artesão e o Posto de informações turísticas saltaram na frente e o plano de marketing completou a lista de prioridades, meio que atabalhoadamente. 

Mas e aí, se os turistas aparecerem continuarão encontrando uma infraestutura pífia, um despreparo generalizado e acessos esporádicos para rotas também esporádicas, algumas bem limitadas, restritas a algumas pousadas e ao domínio curioso de algum mateiro conhecedor das belezas naturais da região.

 

Para mim é urgente que o prefeito compreenda a estratégia e saiba que a população quer respostas rápidas e elas não existem. Por outro lado, a população precisa se envolver, mas por incrível que pareça, ela não consegue visualizar nada que ainda será estruturado. Até mesmo para envolver a população, a prefeitura terá de passar por alguma impopularidade, enquanto cria a estruturação que pela ordem, primeiramente será apresentada à população e depois ao turista. É árduo e longo o caminho, mas não podemos desanimar ou andar de qualquer jeito.

 

Eis algumas máximas esclarecedoras:

Tapiraí tem 80% de belezas naturais para mostrar entretanto não tem como mostrá-las porque falta 80% de estruturação organizada e oficial. Esse é o trabalho da prefeitura que incialmente não será reconhecido pelas pessoas comuns.

Falta um projeto administrativo que contemple e englobe todas as atrações e potencialidades do município. Este é um conjunto de produtos a ser elaborados antes de querer receber os turistas.

 

Demais, tudo é esplêndido. Tapiraí é um lugar incomparável na região e pode se tornar um destino prazeroso para os turistas. Tem a felicidade de ter um prefeito preocupado de fato em governar bem. Se continuar assim passará para a História como o administrador notável da cidade. Então, a nós cidadãos conscientes cabe participar e contribuir com críticas e sugestões e também comparecendo às reuniões do COMTUR para ajudar no que for possível.