Série: o sermão da montanha iluminada - parte II
26/12/2013 14:00
Tua dificuladade de entender o oráculo é porque tua tradição é traiçoeira e és muito apegado ao que te disseram, ao que te conforta e não queres mesmo passar pela Terra como agente transformador.
Estás acostumado a te acostumares com os costumes sem questioná-los. Pois eu te digo que quanto mais antiga a tua fé, menos crédito merece, porque seus dogmas e totens e máximas já foram tentados e não mudaram os homens.
Digo-te também que os pensamentos que tuas doutrinas repetem e que difundes são contradições terríveis, porque não correspondem à realidade.
Li hoje um axioma sobre o voluntarismo, a caridade e a solidariedade e sei que são apenas palavras, porque a raiz dessa religião, com a guerra que nutre, multiplica o número de flagelados,de necessitados e de indigentes.
Então numa frente, no Brasil, na Europa ou noutro ponto do planeta, professa a solidariedade e lá na origem provoca guerras, mortes, fome e perseguição.
Ai da fé que não luta com coerência e é por isso que não compreendem o oráculo que fala de religião em contexto macro e os adeptos alimentam a fé no contexto micro.
Quando Jesus multiplicou metaforicamente os pães e os peixes para distribui-los ele estava combatendo a tradição monetária, latifundiária, daqueles que acumulavam apenas para os seus e deixavam centenas de milhares de pessoas passando fome.
Os cristãos, pobres cristão, ainda vão demorar a entender isso. Não é caridoso ou solidário e nunca será alguém que distribui sopa debaixo do viaduto, em épocas de Natal e, no dia a dia não se envolve politica e socialmente para solucionar o problema da pobreza.
A questão principal é esta:
as religiões trabalham com a ideia de perpetuar a pobreza para poder manter seu poder sobre os fracos.
As doutrinas tem como artigo fixo o consolo, o conforto espiritual e convencem os adeptos a inconscientemente acharem e sentirem que essa é a única forma de aproximar todos dos deuses, anjos, santos e entidades em geral.
Mas teremos de lutar para sanar as mazelas sociais que atingem grande parte da humanidade.
Se dermos dignidade e justiça a todos, as igrejas se esvaziam.
Assim, o discurso para o público adepto é um, milenarmente, mas a estrutura de convencimento também milenar é o contrário. Difícil combater isso. E nem queremos.
Na medida do possível mansamente vamos tentar aproximar as ideias dos grandes mestres das mentes mais libertárias existentes.
E é um trabalho árduo e cuidadoso, porque o formato religioso é hermético e enganoso.
Por exemplo, vemos na novela das 9, dois casos emblemáticos.
O personagem gay que conseguiu a guarda de um bebê dizendo que no desfecho tem o dedo de Nossa senhora, da Virgem Maria, contudo os gays que assitem à novela não raciocinam que isso é inverossímel, simplesmente porque as religiões não admitem a homossexualidade e, pior ainda, dificilmente aprovariam essa adoção.
É dessa crendice incoerente que as pessoas vivem sua fé, decerto sem viver de fato espiritualidade.
Outro quadro ilusório é o da mocinha que foi enganada pelo namorado e procura nos cultos a contrapartida para sua amargura.
Vê-se a pobre coitada servindo comida aos pobres debaixo da ponte e entregando brinquedos às crianças pobres.
É claro que nenhuma das duas cenas é dignificante.
O ser humano deve ser preparado para administrar suas emoções sob a grandeza do seu espírito e essa ajuda aos pobres só tem valia se ela e seu grupo estivessem recrutando as crianças para formá-las e transformá-las.
As doações apenas perpetuam os fracos como fracos.
É quase impossível convencer alguém a respeito disso, porque está arraigado nas pessoas a ideia piegas da ajuda, do socorro, do auxílio, entretanto, a ajuda, o socorro e o auxílio só são válido emergencialmente, provisoriamente e não quando mascaram as condições permamanentes de pessoas que no ano seguinte estarão ali de novo com as mãos estendidas.
Aproveitando o Natal, transcrevo mais alguns trechos do Sermão da Montanha:
"Bem aventurados os que lutam pela justiça como quem luta pela comida e pela água, porque sua fome e sede serão saciadas.
Bem aventurados os que se esforçam em perdoar sempre, porque nenhuma culpa lhes ficará sobre os ombros.
Bem aventurados os que não corrompem seu coração, porque verão a pureza de Deus.
Bem aventurados os que buscam e promovem a paz, porque serão como os filhos de Deus".
Estes três trechos são elucidativos do que escrevi acima.
Não é justo perpetuar a fome, saciando-a por um dia e sendo isentadas de impostos como fazem todas as religiões no mundo todo.
Não é divino manter grupos espalhando mensagens pelo mundo que chamam para a paz e para o perdão, quando dizimam inimigos vizinhos por um pedaço de terra, como fazem o Judaísmo e o Islamismo.
Não há pureza no coração de quem explora seus irmãos em nome de Deus.
Não é possível merecer crédito qulaquer religião que promova a guerra e a segregação.
Assim, o oráculo indaga: qual a religião que sobrou para corresponder às palavras de Jesus.
Apesar de tudo ainda acredito que a humanidade despertará e se libertará desses pilares terríveis das doutrinas milenares. Que assim seja!