qual é a cor da tua dor?

 

 

Preciso mudar as cores da foto do meu perfil, por uma colcha de flâmulas. Sinto uma tristeza antiga que se faz da pequeneza de muitas pessoas E já chorei demais por causa de sistemas ideológicos, políticos e, sobretudo, religiosos. Já sofro a dor do mundo, desde que a minha juventude debutava Nas ruas e praças do Rio de Janeiro, pedindo Diretas Já, querendo derrubar muros de cárceres e talvez de Berlim. 

Já passei noites em claro, pensando no holocausto, nas guerras, nas invasões e agressões desnecessárias. Já refiz em lágrimas, os mapas deste mundo de poucas verdades genuínas e muitas dissimulações. Agora, sinto que as cores da bandeira da França não conseguem contemplar o arco-íris ferido que carrego em mim. 

Está tudo muito desbotado nas minhas esperanças, embora não me dê o direito de descansar. Este Brasil já me permitiu sonhar e, desde que os meus ídolos ideológicos ou meus cidadãos preferidos, como FHC, Covas, Serra, Lula e outros ou todos me traíram, por dentro, sou um cara devastado, decepcionado, mas não perco a mania de lutar por um lar mais pacífico, por uma cidade mais digna, por um Estado mais ético, por  um País mais justo, por um planeta mais de todos e por um Cosmo que se assemelhe a um Parque de Diversões. 

Por isso, meu perfil interno É imutavelmente cheio de probabilidades, porque acredito sim, que um dia nós todos seremos Decências presenciais em movimento. Sei que está longe, como sei que qualquer ato de solidariedade não traz qualquer resquício de mudança. 

Desde que a humanidade ocupa o planeta, as incongruências vivenciais se evidenciam. Sistematizaram-se Políticas, Religiões e regras de funcionalidade que dificultam a fraternidade prática. As religiões sistematizaram A exclusão, A perseguição, A mentira, O misticismo E a exploração. Vale tudo pelo dízimo, em troca de alguns milagres fajutos, Em nome de deuses duros E com fins lucrativos para suas instituições e líderes.

De onde vem o dinheiro do Estado Islâmico? 

Inexiste uma força tarefa nas crenças que elevem seus adeptos a seres agregadores, agentes inclusivos e pacíficos. Basta ver o que fazer com relação a quem aborta, aos homossexuais, às prostitutas, dentre outros temas tabus. A posição amiúde dos crentes de todas as religiões gera pequenos terrores que redundam em terrores como este que ocorreu em Paris e os adeptos não se dão conta que fortalecem esta força para lá de relativa. O tormento de alguém que se culpa por um aborto, por exemplo, é um terror que as mídias não noticiam.

Os terroristas do Estado Islâmico têm essa violência na sua cultura religiosa, na sua intolerância registrada, nos seus livros, ditos sagrados. O mesmo ocorre com o Judaísmo e suas seitas paralelas que correm o mundo falando de paz, mas gerando conflitos e atos de guerra em tempo real ou angariando apenas dinheiro de incautos. Por que não acabam com os conflitos com os palestinos? Por que ambos são maus, mas os judeus, como povo dito escolhido, tem o dever de pacificar irredutivelmente. Não pacificam por que são maus.

Não menos graves foram e são as posições Católicas e Evangélicas quanto à liberdade das pessoas serem como são e viverem como querem desde que não violente outros. Violenta mais uma religião que mente por dinheiro do que um indivíduo que foge aos dogmas de alguma doutrina.

Religiões fomentam desagregações desnecessárias e as evitariam se simplesmente vivessem seus credos apenas nos âmbitos dos seus templos e ou entre seus grupos e pessoas que com eles concordassem. 

Querer ser melhor do que outros e eleger seus deuses, profetas, santos e dogmas como imutáveis e passíveis de serem impostos e seguidos por todos, causa os terrores que redundam em terrores como estes que ocorreram em Paris e que continuarão ocorrendo, porque as religiões não mudam. 

Tudo muda, porque tudo é normal, quando libertário, menos as religiões, porque são massificadoras das mentes, das ações e das reações dos indivíduos e contam com o apoio equivocado dos seus adeptos. Há de chegar um dia em que cada pessoa seja em si um templo e cultue um Deus irrevogavelmente libertário e de paz.

Está-se em um planeta de crápulas que podem governar e guinar o mundo para onde querem. Um por cento destes crápulas detêm mais da metade do dinheiro do mundo. Não se envergonham disso e aterrorizam nações com especulações negociais constantes. Crápulas. Outros cinco por cento são seus laranjas e estão nos poderes constituídos. Somos governados, manobrados, impelidos or uma corja de seres que só pensam em poder, status, dinheiro, influência e acúmulo de experiências nojosas, quanto às ações que praticam nos palácios, parlamentos, templos, tudo com o nome do bem fazer por todos, quando na verdade, é somente o mal cuidar dos bens que bem poderiam ser distribuídos de forma digna para todos. E nós os assistimos com a omissão nossa de cada dia.

Não falo de riquezas, dinheiros e outros objetos materiais, a que se pensavam quando se falavam do Comunismo ou do famigerado Socialismo. Falo da estruturação prática de uma sociedade planetária que leve a todos: serviços básicos e essenciais de primeira qualidade, pelos quais a excelência dos poderes constituídos se balize e não se banalize no servir com honestidade aos cidadãos. 

Há poucos que pensam no planeta como penso e os que podem fazer alguma coisa, em verdade, não fazem, porque o mais estúpido dos terrores é o praticado por pessoas ditas do bem, que posam como pessoas de bem e geram o mal. 

Os que governam o mundo são muito mais covardes do que os terroristas estúpidos e grotescos do Estado Islâmico, porque sequer assumem as atrocidades que originam. Crápulas. Crápulas e Crápulas, os que roubam; os que se corrompem, os que se apossam da boa fé das pessoas, os que emitem milagres de mentira, os que enganam adeptos, os que surrupiam direitos, os que excluem; os que mentem; os que matam covardemente e os que se omitem. 

O mundo está cheio de terroristas covardes matando inocentes. Alguns usam bombas, mas a maioria usa a lábia, a caneta, o cargo, a cara de pau, o mau caratismo. Não há dor maior do que esta que sinto quando falo isso. Não há desesperança de médio prazo, mais sem cor do que esta. É como se o arco-íris de todas as bandeiras se derramasse na lama do rio doce recém-morto ou se misturasse ao sangue dos inocentes de Paris. 

Até onde vamos? Quando resolveremos que não precisamos de deuses para sermos bons e funcionarmos bem? Quando descobriremos que temos de nos tornamos bons para que os deuses, se existirem, nos usem como instrumentos do bem e da beleza e da utilidade da vida? 

Se imaginarmos que tudo que nos ocorre resulta da Política e das religiões, então temos de gerar em nós outra conduta, aquela que individualmente corrija os rumos. Temos de ser bons, em contraponto aos políticos e temos de sermos melhores, em contraponto aos papas, califas, pastores, rabinos e o raio que os parta. 

Temos de fazer a nossa própria bandeira do retalho que somos, com a cor que queremos dar a este mundo, a partir de nós, da nossa casa, da nossa rua, da nossa cidade, do nosso Estado, do nosso País e do nosso planeta até sermos um pedaço de cor que fulgure no Cosmo, nos identificando como alguém que fez uma opção inalterável pelo bem e pela decência. 

Só nos resta isto: ser um remendo novo e colorido que se emende a outros remendos novos e coloridos até inteirarmos a nova bandeira de todos os nossos perfis. 

Um dia, estaremos sob esta bandeira e nem os políticos ou os líderes religiosos conseguirão nos ignorar. 

Eles também hão de nos imitar. É essa minha lágrima que lanço sobre o sangue dos inocentes de Paris e sobre as águas mortas do rio doce. Não sejamos covardes, omissos ou mentirosos. Também não sejamos corruptos ou infiéis à bondade e ao amor. Jesus, Maomé ou o Deus de Abraão, Oxalá e outros deuses estão de costas para todos nós, porque não somos dignos de fita-los. Portanto, é muita mentira para pouca excelência presencial.