O oráculo e suas previsões sobre certezas imutáveis

Tenho falado aos amigos mais assíduos que o mundo está se configurando com as feições bem delineadas do caos. A humanidade está sendo distraída, no diversos cantos do planeta, com os dilemas locais para não perceber o mosaico tosco no qual está inserida até o pescoço. Uma certeza é óbvia: vai piorar. Este oráculo, embora irônico, carece colocar o futuro no saguão das conjecturas plausíveis.

O mundo está presenciando a medição de forças de sempre, entre nações, grupos e pessoas que não se importam com quaisquer valores, quando o assunto é predominância no poder e o acúmulo de dinheiro e de status. Isso não é novidade. As correntes políticas, comerciais e religiosas do mundo contam com seus adeptos para mudar apenas o que lhe for desfavorável. O resto pode continuar como está.

Segunda certeza: nenhum dos ramos humanos, mesmo os religiosos quer o bem da humanidade e, por essa razão, as contendas, a falácia, a estupidez e a exploração, sobretudo, a corrupção e a mentira deslavada intencional regerão o presente e o futuro.

Se de um lado, Israel, principal protagonista de uma guerra sem fim, não dará trégua e seu Deus não esboça poder de inspirar paz, por outro, palestinos e Alá pouco se incomodam em permanecer na linha do ódio recíproco, porque o bem das religiões não perpassa os corações humanos. No meio disso, os fundamentalistas garantirão o terror que, por sua vez, dará a justificativa aos russos, americanos, norte-coreanos, europeus, dentre outros a barganhar poderes geopolíticos, com ênfase na guerra e nos conflitos, com a desculpa de gerar paz.

Terceira certeza: Vai continuar o espetáculo da banalização da democracia, dos deuses, da política e do bem comum. Os maus se apossaram da vida no planeta e isso só se reverterá com uma mudança generalizada exatamente sobre o conceito que se tem a respeito do valor da vida.

O dinheiro vai continuar gerando as mesmas perversidades. Os corruptos vão continuar governando os países. Os homens sérios vão continuar quietos em suas casas, escritórios e trabalhos.  

 Os governos, os parlamentos e os poderes constituídos irão continuar encenando peças fictícias e a opinião pública vai continuar perdendo tempo repercutindo banalidades legalizadas ou oficializadas como se fossem extremas e definitivas verdades.

O papa vai continuar discursando aos domingos e os católicos vão continuar postando suas frases sem um mínimo de deslocamento para alguma prática. Os pastores vão continuar enriquecendo com o dízimo, os evangélicos permanecerão impassíveis na sua fé, contabilizando seus milagres fajutos, mentindo para si mesmos, e a vida vai continuar banalizada nos lares, nas empresas, nas escolas, nas empresas, na Terra.

Vão continuar dizendo que o Deus de Abraão é o maior, que Alá é grande, que só Jesus salva, que Jeová é todo poderoso, que Deus é fiel, sem que com isso a prática comunitária reflita a boa convivência entre as pessoas.

Quarta certeza: a confiança mútua ainda não nivelará as relações humanas e a Cultura de Complementaridade segundo o amor, o bem, o belo e o útil; não se evidenciará. Assim, teremos mais um ano perdido, de vidas desperdiçadas e de achatamento da inteligência.

Nada mudará muito, inclusive, aqui no Brasil. A presidente vai continuar rebolando em falsetes para se manter no poder sem a digna opção de falar a verdade para a população. Seus auxiliares diretos terão de provar que não são ladrões. O presidente da Câmara terá de provar que não é um canalha e cínico. Afinal, usar o nome Jesus.com para uma empresa que lava dinheiro sujo, roubar por uma aplicação chamada PRECE, revelam bem o perfil de quem sabe que religião, política e dinheiro estão no mesmo balaio.

A justiça não conseguirá safar-se da contaminação política e econômica. Meus amigos nas redes sociais vão continuar falando verdades inconsistentes, Jesus será louvado por pessoas ignóbeis, as igrejas enriquecerão ainda mais e eu terei de desenvolver paciência e compaixão para não me indispor com ninguém.

Quinta certeza: só seremos felizes, alegres, dignos e idealmente fraternos, quando descobrirmos que nossas ações do dia-a-dia devem ser estimuladas pelo nosso caráter e com isso desmascararemos políticos, religiosos e poderosos, enquanto seremos melhores uns diante dos outros. É isso que importa. O resto é vulgaridades terríveis contra a vida.

Tem-se de deixar os deuses envoltos nos mistérios e cuidar de adquirir grandezas pessoais e compartilhá-las com o mundo. Cada pessoa precisa se tornar um exemplar singular de grandezas e, a partir daí, tudo é um grande salão de espelhos. Mandemos os imbecis criarem vergonha e busquemos, amiúde, espelhar o que temos de melhor para mostrar e viver. O poder pode até emanar do povo, mas se o indivíduo não for exemplar, o poder que o povo emana é exatamente o que tem governado o mundo nos últimos milênios. Ou mudamos ou mudamos e fica claro que outras certezas são:

1)      As religiões precisam se transformar, porque as verdades bíblicas ou evangélicas fracassaram. Você pode amar sua igreja e seus dizeres, mas as pessoas não são boas por causa das religiões. Fosse assim, se nove em cada dez pessoas têm religião, o mundo seria magnífico. Se não é, é porque as religiões possuem muitas prédicas e pouca eficácia.

2)      A Política tem de ser transformada e aproximada do voluntarismo. Para ser político, o cara teria de mostrar um projeto altruístico. Como isso é impossível, todo político precisa ser tratado com pressão, mas o conjunto de pressões tem de espelhar a dignidade dos cidadãos e estes vão às ruas por paixões partidárias e não por convicções de cidadania singular.

3)      Os poderes constituídos precisam ser isentos. Executivo que pense no país e no mundo. Legislativo que não legisle em causa própria e um Judiciário que se distancie das tendências políticas nojosas.

De tudo o que falta, o que é lastimável de saber é que a humanidade nutre o imenso desejo de ser do mal.