Espiritualismo Consciente e Cidadania Plena - Artigo 11

É urgente que se crie uma massa crítica que reforme os pilares vivenciais da humanidade. Isso não se faz apenas com os valores democráticos vigentes na maior parte do mundo. Tem-se de admitir de maneira generalizada que os sistemas civilizatórios falharam e que os desvios intencionais e egoísticos simplesmente aumentaram os dilemas e não solucionaram as equações da boa convivência e do bem estar geral, pelo fato de a amorosidade não ter estado em voga em trecho algum do percurso histórico.

É evidente que está na hora de uma mudança extraordinária a respeito. Ainda não se colocou a Economia como o fator mais prejudicial á justiça social. O modelo econômico pauta o crescimento e o desenvolvimento dos países, afetando todo o planeta, mas não se nota que a tendência universaliza é a de jamais incluir a todos na plataforma confortável de suprir todas as carências básicas comuns à espécie.

A relação imutável entre a Economia e o lucro incessante detona a democracia, anula a autonomia das nações e ilude a opinião pública, que tende a discutir os assuntos políticos, culpando apenas os governos, a estrutura do seu país, sem perceber que todos os problemas derivam do projeto econômico global criado para beneficiar perpetuamente os comandantes do dinheiro flutuante, invasivo e especulativo.

Não é uma questão de ser de Direita, de Esquerda ou de outra ideologia. Todas as ideologias quando saem do papel para a prática são comandas por homens e estes capitulam ao dinheiro, via corrupção e, seja em ditaduras ou em sociedades democráticas, as desigualdades, o desamor e os crimes contra o erário público se mantêm intactos.

Ou se modifica a relação humana com o dinheiro, via ética presencial universalizada ou não haverá democracia e cidadania plenas. As mudanças que se querem, a partir dos mesmos modos de sempre, não virão, porque não se muda nada, caso não se atenha antes a uma nova consciência sobre o que se quer viver, uns diante dos outros.

A contradição é óbvia, quando se quer acabar com a corrupção, por exemplo, pois o combate é parcial. Há de se propagar, compreender e ser irredutível quanto à corrupção, que rouba vidas e que, portanto, não pode receber condescendência, como ocorreu recentemente no Brasil, em que se retirou um grupo corrupto do poder, mas se fez vista grossa a outro grupo corrupto que lá permaneceu.

Ao ficar contra um grupo e proteger outro, não há revolução alguma, porque nada muda. E se a opinião é formada contra ou a favor, baseada no crescimento econômico desta ou daquela nação também se estar equivocado, porque é impossível o modelo econômico vigente empregar todos, entregar o básico a todos, se não houver uma definição fraternal para tal.

O discurso de que as pessoas precisam trabalhar é falho, porque não há e não haverá trabalho para todos, enquanto houver concentração de terras, de dinheiro e de conhecimentos privilegiados. Assim, o que se houve dos políticos e dos economistas não merece crédito, porque a grande revolução necessária é aquela em que queiramos de verdade melhorar a vida de todos, durante todo o tempo e isso só se consegue reconhecendo que temos de lutar para todos conquistarem minimamente o básico, para depois começar a competir para adquirir outras riquezas. Sem igualdades nos utensílios competitivos, entre indivíduos, grupos e nações, qualquer sucesso financeiro será sempre um sinal de usurpação.