E agora, Brasil?

Depois de tudo que ouvi ontem, que compartilhei, que fiquei sabendo, preciso muito usar o meu site www.oraculo-do-agreste.webnode.compara construir um discurso para ajudar no refundamento da Democracia e de maneira que não precise mais discutir com ninguém sobre os males do Brasil de Agora. Concluí que não há soluções fáceis para a humanidade, então também não haverá soluções fáceis para o Brasil. As mentes estão trancadas, os corações estão duros e não há condições de diálogo. Há erros de parte a parte. Partir para algo novo, uma reinvenção que passe pela valorização de todos os seres humanos é o que resta. Achei por bem parafrasear Drummond, pois nestes dias não tenho feito outra indagação, a não ser: E agora, José?

 

E agora, José?
A urna falhou,
O golpe emplacou,
O líder mentiu,
O tempo fechou,
E agora, José?
E agora, você?
Você só tem nomes
Piores que os outros,
E o que fazem dispersos,
Os que já não protestam?
E agora, José?
Vão tirar a mulher,
Sem direito a recurso,
E abriram caminho
Para nada ocorrer
E a justiça falhar,
E até cuspir pode,
A lei esfriou,
O futuro não veio,
O melhor nunca veio,
O cinismo é que veio,
E a democracia
Perdeu seu valor
E a vergonha acabou
E o Temer traiu
E a honra mofou,
E agora, José?
E agora, José?

Não servem as palavras,
É um tempo de febre
Onde alguns ou nenhuns
Vão á biblioteca,
Tudo é desaforo,
Sem um termo mais digno,
E a incoerência
Casou-se com o ódio – e agora?
Não há mais solução,
A política está morta,
A razão está morta;

e precisa calar,
Que a saliva secou,
E ninguém mais ensina
Que as leis valem mais,
José, e agora?
Se você calasse,
Se você pudesse
Fazer que passasse
Este horror nonsense,
Se você fingisse
Ou se hibernasse,
Se alguém tivesse
Solução decente,
Mas você descobre
que é tudo sujo, José!
Sozinho no espúrio 
contexto dos fatos,
Sem ideologia,
Sem esperança nova
Para propagar,
Sem homens honestos
Que evitem golpes,

 

você marcha, José!
José, para onde?