Dizem que o oráculo é louco

Este texto interessa a quem me conhece pessoalmente e ou apenas a quem me conhece de nome

 
 
Perguntaram a um dos meus irmãos se sou louco.
Ele sorriu para não mentir.
 
A pergunta veio de uma dessas amigas que não conheço.
Gente boa desta página que cai na bobagem de me ler.
 
De repente pensei que muita gente pode mesmo não me entender
e não é porque não tentem, é porque não entendem mesmo. 
 
Então vamos ver se tento contextualizar-me.
 
01) Sou nordestino - nasci no agreste e este mundo é meio outro planeta, outro país. Cresci para extraterrestre ou para estrangeiro. Quando falo das minhas origens causo espanto e encanto e isso se confunde com contradição, mas é só outra realidade.
 
02) Sou neo-espiritualista - isso significa estar contra a corrente. A maioria das pessoas participam de diversos grupos. Grupos de auto ajuda, de esoterismo, de holística, de espiritismo, de neurolinguística, de formação e treinamento de pessoas, de ioga, de associação de bairros e de condomínios, torcem por times diferentes, por políticos diferentes, são de partidos políticos diferentes e acima de tudo são de religiões diferentes e acreditam de formas e maneiras muito diferentes. 
 
Ser espiritualista na Nova Era (por isso neo-espiritualismo) significa discutir e argumentar com ideias em prol da totalidade, sob uma visão da totalidade. Este tempo está tomado por pessoas que sabem tudo sobre parcialidades, portanto não sabem nada que sirva para todos, raras exceções. Tem gente que torce até por determinada emissora de tevê, jornal ou revista. Entenda-se: quanto mais parcial melhor. Essa é a doença deste século. O individualismo e as relações virtuais são somente alguns indícios. A visão parcial é tudo que os sistemas tradicionais querem para continuar travando a liberdade da espécie.
 
Todos os grupos que citei tem em comum a ideia de que palavras substituem condutas, exceto a ioga. O neo-espiritualista é alguém que sabe que não adianta sugestões por auto ajuda, práticas fenomênicas do esoterismo, regar a árvore da vida com contradição na raiz, passes e imposição de mãos, procedimentos neurolinguísticas e formação e treinamento de pessoas, porque as pessoas vão a estes lugares e cursos para obterem soluções do ego. 
 
Como as soluções para as pessoas dizem respeito a melhoras pessoais no campo profissional e relacional e não nos seus comportamentos, então as técnicas se anulam. Ou se preparam pessoas para serem presenças decentes diante de si e das demais ou não se está fazendo nada.
 
Qualquer texto que eu escreva será incompreendido por causa dessa contradição e essa contradição é repetida por todas as pessoas inteligentes que conheço. Outra dificuldade se refere às religiões. Estão todas ultrapassadas e quem disse que os adeptos querem saber disso? Então, todos se sentem ofendidos e contrariados.
 
Logo, a visão parcial vai sempre ganhar das tentativas da visão total. Falar de totalidade dá muito mais trabalho e exige muita repetição. Então está todo mundo parcialmente certo e totalmente errado, porque se juntar todas as visões e certezas parciais não dão uma totalidade. A totalidade organiza as parcialidades. As parcialidades ocultam a totalidade. Eis o perigo da Nova Era, uma opinião pública profundamente equivocada, sectária, estúpida e preconceituosa.
 
03) Sou gay - Com essa característica natural e tendo de diariamente ler, ouvir e presenciar religiosos me impedindo de conquistar direitos, deputados criando projetos anti-gays, parte da sociedade contra minhas escolhas, é natural também que meus textos desagradem, porque 90% das pessoas são religiosas e religiosos não querem saber de fatos científicos. Cientificamente ser gay é natural, mas religiosamente ser gay é infernal e demoníaco, então ou escrevo a favor do que sou ou me calo e deixo a obtusidade prevalecer. 
 
Os outros dez por cento são os que não sabem em que creem e os ateus. os ateu também não gostam do que escrevo, porque combato as religiões, mas defendo a ideia de um deus não bíblico. Também os ateus não vão gostar quando falo que a neo-espiritualidade vai com a Ciência até um ponto e partir deste ponto, a Ciência não tem resposta.
 
Entendam que não me entender é perfeitamente normal.
 
04) Sou jornalista - isso significa que acompanho os fatos dos meu tempo. Divido as pragas do mundo hoje assim:
 
a) Política - a arte de enganar, roubar e corromper, sobretudo, aproveitando-se das visões parciais. Quando os grupos que citei cultuam parcialidades servem aos políticos.
 
b) Religião - não há desenvolvimento humano com religião. A religiosidade trava a liberdade de conhecer verdades ainda ocultas e esta é a praga estrutural máxima, porque contaminas as gerações ainda na vinga não permitindo que cresçam sob o prisma de novos conhecimentos libertários. Os pais, antes de ensinar religião aos filhos deveriam ensinar Ética, respeito e responsabilidade perante todos os grupos humanos. Quando ensinam religião ensinam preconceito, então a ética, o respeito e a responsabilidade são anulados. As gerações crescem sem este três poderes e vão exercer o poder político com a evidência das visões parciais. Entendem como é difícil falar de totalidade e mais ainda: como é quase impossível combater as visões parciais?
 
c) Dinheiro - O dinheiro fomenta a Política e as religiões. É o responsável e principal interessado nas visões parciais.
 
Então, meus caros amigos conhecidos e desconhecidos desta página, para me compreenderem saibam disso e mais que sou um quase poeta.
 
Ser quase poeta é ter muitos loucos brincando dentro e isso pode ser assombrosamente lógico e a lógica pela loucura é como um facho de luz direcionado diretamente no nosso olhar: incomoda.
 
Até o próximo texto.