Crônicas de Riachão do Bacamarte - O rio que chora

 

O que me lembro é dos tempos de seca, quando ainda não havia água encanada e as gentes buscavam água no açude. 

Tinha uns dias de secura e aridez. 

Entravam-se açude adentro para pegar água com menos lama e limo, ainda assim a água era um caldo esverdeado que se coava em panos de sacaria para o interior de uma forma de barro enterrada no chão para refrescar. 

A sede no agreste paraibando sempre leva as pessoas a engolir seco suas carências.

Mesmo o Rio Paraíba, ao chegar em algumas cidades desaparece e no leito cheio de seixos lisos e areia, deixa somente a prossibilidade de algumas cacimbas, mas a água é salobra, como se o suor e as lágrimas das gentes ao rio se juntassem.

É um tempo distante. Muita coisa mudou, menos uma: os políticos continuam ajudando a castigar o povo. Riachão se tornou cidade, pessoas boas chegaram ao poder local, mas alguma nojosa recorrência a Política tem. 

É algo que faz quem detém o poder se esquecer de fazer o melhor possível a partir do cargo. 

A gente sabe que Riachão poderia está bem melhor, mas alguma maldade política impede. Pelo visto, o rio vai continuar a chorar perante dois tipos de estio: o natural, que depende das condições meteorológicas e o estio permanente na boa vontade de quem obtém poder político.