bichos tristes, deprimidos e amargurados.

Perguntam-me se gosto de bichos. Digo que eles gostam mais de mim. Eles me escolhem. Tive alguns. O cachorro Jacaré foi o primeiro e me lembro dele quase toda semana. É uma das lembranças mais fortes da minha infância.

Depois, já adulto e em São Paulo, convivi com o cachorro Rex, do papai, que ressuscitou depois de uma noite tido como morto. Foi a noite mais longa que passei chorando por um bicho. No outro dia, ele amanheceu acordado e fuçando a porta da cozinha, arrancando risos chorados de nós.

Algum tempo depois, trouxe para lhe fazer companhia, o casal de cães Michel e Olga. Ambos morreram de maneira trágica e resolvi nunca mais ter nenhum. Com o advento da Tribo de Estrelas, me vi de novo diante de, pelo menos 8 cães: Suzy, July, Cosme, Damião, Tico, Teca, Amim e Nino. Restam três. Todos os outros morreram mais rápido do que poderiam. Creio que eles gostam de mim, mas há alguém, no planeta sobrenatural dos cães que gostam mais deles.

Quanto aos gatos, nunca os tive. Agora temos Tobias, na Tribo. Ele fica me olhando quando passo e me segue, pedindo o que não tenho para lhe dar. Penso muito nos bichos e quanto mais os humanos se aproximam deles, mas me preocupo. É temerária essa aproximação, haja vista que a humanidade não aprendeu a cuidar sequer de si, como espécie.

Mais grave do que não gostar de bichos é legar a eles algo que se assemelhe aos modos de vida das pessoas. Torço para que principalmente gatos e cães não se tornem tristes e amargurados feito os homens, estes animais estranhamente intrusos.