10 – Espiritualismo Consciente e cidadania plena - à espera do amor

Pode-se afirmar responsavelmente que o sistema civilizatório é contaminado pelas más condutas daqueles que cuparam e ocupam posição de destaque, nas diversas áreas fundamentais para o funcionamento da sociedade.

Qualquer pessoa não fanatizada ou recrudescida nas ideias tem como confirmar que as religiões sempre atrapalharam a humanidade e que a Política sempre se norteou por ações e reações que ora margeiam ora extrapolam a própria canalhice.

Ao povo, em todos os tempos, coube o imenso equívoco de apoiar correntes de poder que surgem para não modificar a estrutura da convivência humana no planeta. A enganação e o autoengano são as setas por onde as chamadas revoluções e as ostensivas manifestações se orientam.

A realidade que fica depois de cada grande aparente mudança é que os que detêm poder, de algum modo cometem atrocidades políticas e ideológicas semelhantes, e, pior, obtendo respaldo popular, porque os apoiadores demoram bastante a perceber que nada mudou de verdade.

As ideologias se esfarelam e a avalanche de opiniões ruma para outra banda, que logo se mostra também podre e assim a História vai registrando o destino tortuoso da humanidade que acumula conhecimentos, tecnologias e novos modelos existenciais, sem de fato modificar a qualidade universal das vidas.

No século 21 parece que é preciso criar uma massa crítica que reforce os pilares democráticos, partindo do pressuposto que o fracasso dos sistemas reside na desonestidade e na indecência da maioria da espécie, que sempre busca levar vantagens pessoais e grupais e setoriais, em detrimento do bem estar universalizado e compartilhado com todos os indivíduos.

Tem-se de superar as ideologias de Direita, Esquerda e de outras tendências para se instruir os habitantes da Terra sobre o tipo de sociedade que se quer - se humanitário e inclusivo ou discriminador e de exceção.

Há de ficar muito nítido que para refundar uma sociedade humanitária e inclusiva, diversos pilares conservadores e religiosos hão de ruir, não por vingançazinhas, como as que se veem no debate politico brasileiro de agora, mas pela certeza de que cuidar de verdade de todos, respeitando suas diferenças individuais, desde que não impeçam os demais viverem também as suas, é urgente e irrevogavelmente preciso.

A primeira grande revolução deve ocorrer em casa, aonde os pais devem preparar seus filhos para o amor e a inclusão e não para o ódio e a segregação – isto, na base. No topo, a revolução inadiável e imprescindível é que os homens letrados e instruídos e do bem ensejem exemplaridades que reproduzam exatamente o amor e a inclusão, a partir das suas condutas diárias, sejam em cargos importantes, sejam em rotinas comuns, como cidadãos corresponsáveis.

É muito difícil, mas possível. Veremos adiante, nesta série cada um dos impasses. Hoje especificamente o tema é para clarear os diversos contextos contaminados milenarmente. Saiba-se que quando falo das religiões, não as vejo como inúteis, contudo, as vejo como falhas e detentoras de um grande poder usado exclusivamente para embaralhar as relações humanas e não para facilitar a fraternidade.

Uma rápida análise de como funcionam pelo mundo e, sem paixão tendenciosa, se podem verificar como todas elas dificultam o amor de uns pelos outros e a respectiva inclusão. Dessa forma, todas as religiões precisam se reformar, renovar seus conceitos, preceitos, dogmas e outras variantes que muito contribuem para perseguições, desentendimentos e preconceitos.

Sob muitos aspectos, o trabalho de um espiritualista consciente é imenso, extenso e complexo, começando, inclusive com as próprias pessoas que o querem adotar como meta existencial. Reflitam.