A descuidada e mal amada exuberância de Tapiraí

Ata crítica da última reunião do COMTUR de Tapiraí.

 

Ocorreu na sexta feira passada, 14/03/2014, a reunião do COMTUR - Conselho Municipal de Turismo, com quórum de seis pessoas. É desses números assustadores, porque destaca o tamanho do desinteresse pelo turismo do município. É como se a maioria das pessoas quisesse que a cidade continuasse do jeito que está; um lugar sem perspectiva para seu povo.

Cada um dá uma desculpa esfarrapada para justificar a ausência, mas todos sabem que as reuniões são na segunda sexta-feira do mês, às 19h30, mudando a partir de maio, para bimestrais, mas continuarão sendo na segunda sexta-feira, a cada dois meses, no mesmo horário.

As reuniões agora serão bimestrais, a partir de maio, sempre na segunda sexta-feira do mês.

A primeira bimestral será em maio. O mais grave é que das seis pessoas, quatro não são nascidas em Tapiraí e adotaram a cidade para viver, investir e trabalhar pelo desenvolvimento do município. As outras duas pessoas estavam a serviço, portanto, de certa forma, obrigados. Da cidade mesmo, com vontade real de fazer algo, de pensar algo pela cidade não tinha ninguém.

 

Tapiraí só tem uma saída honrosa para seu desenvolvimento: o turismo

Qualquer um, de senso observador mínimo, sabe que a única maneira de Tapiraí crescer comercial e humanitariamente é desenvolvendo o turismo. Gente que já encontrou seu modo de ganhar dinheiro, sem depender disso, acha que está tudo bem, mas essa é uma postura egoística, diria até desumana, porque todos sabem que os munícipes sobrevivem na linha injusta da quase pobreza, não estando pior por causa dos incentivos do governo federal, na área de inclusão social.

É inadmissível que gente do bem se contente com tão pouco para conterrâneos e conhecidos. Assim como é inclassificável a conduta de pessoas que podem pensar e fazer algo e se omitem, esvaziando sistematicamente o Conselho de Turismo, há anos, não importando sequer se o prefeito é um cidadão realmente envolvido com a mudança das características desanimadoras que tomaram conta da cidade nos últimos anos.

 

Os participantes da última reunião não dependem do turismo da cidade para alcançarem sucesso nos seus projetos, mas mesmo assim estavam lá.

Eu e Antônio Ricardo Lopes, representando a Tribo de Estrelas, não dependemos do desenvolvimento do turismo, para o projeto realizado aqui, porque nosso público alvo não é o mesmo tipo de público que a cidade espera. Mas estamos como voluntários, vindo às reuniões, mesmo não tendo outro compromisso, senão com o presidente do COMTUR, por vermos nele uma pessoa digna da nossa atenção e por vermos a real necessidade de quem mora em Tapiraí.

Da mesma forma, José Luiz Perucio e sua esposa Isabel, possuem um projeto de pousada que independe do desenvolvimento turístico, porque temos como receber interessados e hóspedes, independentemente da infraestrutura que a cidade proporcione, pois temos como receber nosso público, dando-lhes o conforto e o conhecimento que espera. Entretanto, sabemos que as pessoas dessa terra precisam sobreviver de uma maneira muito mais digna e confortável do que experimentam agora.  

Estávamos ali, na reunião, nós quatro e mais dois representantes da prefeitura, formando um quadro de seis pessoas, que tinham tudo para desanimar, porém não vamos desistir, porque, embora a gente da cidade despreze o projeto turístico, com exceção honrosa, do senhor prefeito Araldo Todesco, nossa vontade de trabalhar pela cidade é maior. 

E veja que nenhum de nós tem pretensões políticas por aqui. Aliás, o prefeito merece todo nosso respeito pelo esforço que tem feito para envolver os cidadãos na busca sincera de soluções para os diversos problemas que vão, desde a baixa estima da população, à desconfiança que se abateu sobre as pessoas com relação aos políticos. Não queremos cargos políticos, ao contrário, queremos que quem ocupe algum cargo se comprometa com as metas fundamentais da cidade e iremos lutar para que isso aconteça, cobrando e apontando o desinteresse ou até mesmo a indiferença.

Quem assinou a ata eletiva tem o dever moral e cívico de comparecer às reuniões

 

Na primeira reunião do COMTUR, pessoas sérias assinaram concordando em participar da diretoria. Eu não o fiz, porque temia não poder comparecer pontualmente às reuniões por causa de outros compromissos. Pessoas se comprometeram por escrito. Nós nos comprometemos verbalmente em colaborar com o senhor José Luiz Perucio. Pois bem, a diretoria inteira desapareceu, incluindo os representantes da Polícia Militar e da Câmara. De forma que, entre as seis pessoas que estavam ali, quatro eram voluntárias e dois eram da diretoria. Esvaziamento total, desrespeito com o presidente do Conselho, desamor pela cidade e não cumprimento de um dever firmado espontaneamente, confirmando o desinteresse e talvez irresponsabilidade.

O esvaziamento, além de ser irresponsável e equivocado, indica que, quem compareceu à reunião eletiva da diretoria do COMTUR, não sabe o que é este Conselho ou sabe e o esvaziou por motivos estranhos, prestando um desserviço à cidade. O COMTUR não administra dinheiro, não tem verba participativa e não pode oferecer vantagem para ninguém. Quem compareceu pensando que seria beneficiado diretamente em algo, de fato não entende o que é o COMTUR.

 

Não adianta usar a estratégia de esvaziar as reuniões porque não desistiremos

Ainda que o esvaziamento seja notório, não desanimamos. Sabemos que a maioria das pessoas vai às igrejas duas ou três vezes por semana e que os vereadores ganham para ir duas vezes por mês na Câmara. Igrejas e câmara não são mais importantes do que a cidade, aliás, estão contidas na cidade e dependem do funcionamento da cidade para poder justificar suas existências. Nas igrejas, as pessoas vão porque ali estão seus interesses pessoais, como saúde, avanços materiais, bem estar na família, que buscam por meio das preces, cultos e louvores, muitas vezes enchendo a paciência amorosa de Jesus. Está bom, cada um com suas crenças e prioridades. Os vereadores vão à câmara, porque ali estão seus interesses salariais. Está bom, não se critica isso.

 

A twrrpivel contradição entre os deveres religiosos e políticos sem a contrapartida de trabalhar pela comunidade

Mas tanto o dever religioso, quanto o dever político não tem validade, caso os indivíduos não se interessem em ajudar amorosamente os demais. E quando cidadãos e políticos não retiram do seu tempo duas horas mensais para apreciar as ideias turísticas, que beneficiarão à comunidade, confirmam a nulidade da sua fé e do seu cargo político, porque não são solidários e ou preocupados com as outras pessoas. Tanto mais grave para os vereadores e para aqueles que assinaram, confirmando seus cargos na diretoria do COMTUR e que desapareceram, ocupando lugar de outros que poderiam estar trabalhando mais assiduamente pela cidade. Uma lástima que poderia ser evitada, bastando dizer que não querem que a cidade mude.

 

Qual é o papel do COMTUR?

Quem quer mudança de fato faz o que o COMTUR tem como função: planejar diretrizes turísticas para a cidade e entregar ao prefeito para execução. É só isso e é tudo isso que o COMTUR precisa fazer. Quem não quer trabalhar pela cidade não tem nada a fazer no COMTUR. Basta anunciar seus negócios e usufruir. Ajuda muito quem não atrapalha. O José Luiz, eficientemente, fez um plano de marketing e apresentou na Câmara e duvido que tenham entendido com exceção de novo do prefeito Araldo Todesco.

A Tribo de Estrelas, por intermédio de Antonio Ricardo, fez um projeto turístico e administrativo para a cidade, que, na prática, deixou as reuniões do COMTUR com a incumbência de verificar como está a execução dos planos. Se o senhor prefeito nos levar a sério e fizer o que ali está proposto, mesmo que ninguém compareça mais às reuniões, que agora serão bimestrais, sempre na segunda sexta-feira de cada dois meses, a cidade florescerá como um polo turístico digno. Não conseguimos entregar em mãos o projeto, porque não havia ninguém para recebê-lo, uma desconsideração que não nos abalou.

Deixamos o projeto geral de turismo e administrativo com os dois representantes da prefeitura para ser entregue ao prefeito e a outras pessoas ligadas ao turismo e ao presidente da câmara. Repito: o projeto municia o prefeito e o município com um elenco de ideias que, se executadas, resolvem as questões turísticas da cidade e na prática esgota todo o trabalho que o COMTUR faria em outras reuniões, de maneira que de agora em diante as reuniões serão apenas para revisar o projeto e verificar se a prefeitura o está executando.

A elaboração dos dois planos demonstra a competência da presidência do COMTUR e dos seus três voluntários e colaboradores. Confiamos que o prefeito acatará as ideias e acompanharemos a execução, com reuniões bimestrais, mesmo que realizadas pelas mesmas seis pessoas. Pessoas responsáveis que somos não desistiremos de ver o município de Tapiraí se tornar um polo turístico admirável.

A quem interessa o projeto apresentado pelo COMTUR na última reunião?

O projeto apresentado deveria interessar diretamente aos senhores vereadores, os nove senhores escolhidos para representar o povo. Eles recebem salário para comparecer à Câmara duas vezes por mês e não retiram duas horas por mês para ir ao COMTUR para ajudar a fazer as propostas se tornarem realidade. Cinco destes senhores não compareceram uma vez sequer e olhe que já são um ano e três meses de mandato.

O projeto turístico é comunitário e não tem cunho político, portanto, os vereadores da situação e da oposição não têm desculpa alguma para não tomarem conhecimento dele e valorizá-lo. Se não o fazem é porque são, no mínimo, desatenciosos e, no máximo, pessoas que não merecem representar a cidade e o povo.

A apatia e o desânimo ou a indiferença de quem tem deveres com a cidade

Os seis que lá estávamos na sexta feira passada, além de não ganharmos nada (nem queremos seja financeira ou politicamente), porque nosso objetivo é comunitário, não tínhamos a quem entregar o projeto de uma maneira mais oficial. Ficamos nos olhando perplexos, como doadores de um bem, sem ter alguém que representasse a cidade para valorizá-lo.

Um desrespeito indesculpável, depois de termos nos deslocado de São Paulo para efetuar a reunião. Em tudo, o único que não tem culpa é o prefeito, porque ele tem nos dado todo apoio. Demais, com todo o respeito, parecem que fazem questão de trabalhar contra qualquer assunto que se relacione com as mudanças na cidade. Uma apatia e um desânimo e uma inércia de causar espanto. Em mim, causa uma desconfiança de que há um tipo de propósito contra as melhorias do município.

Creio que Tapiraí tem uma grande oportunidade de desenvolver seus potenciais turísticos, a partir do projeto apresentado pelos poucos integrantes da diretoria (02) e pelos quatro voluntários, mas o ânimo será maior se todas as pessoas que assinaram a ata eletiva, se os vereadores, tanto de situação quanto de oposição, se o prefeito e outros munícipes considerarem que o trabalho do COMTUR tem valor e prestigiá-lo comparecendo às reuniões, agora bimestrais.

O oráculo espera queimar a língua e conta com presença maciça na reunião de maio

 

Um bom momento para tirarmos a prova dos nove é na sexta-feira da próxima segunda semana de maio, quando os citados neste artigo deveriam comparecer para juntos agradecermos ao senhor José Luiz Perucio pela disponibilidade voluntária em prol do bem da cidade, por ser ele um homem de bem, sério e merecedor da nossa atenção. É o mínimo que os homens que exercem algum poder no município podem fazer. Se não o fizerem é porque estão declarando que a truculência e a ingratidão são seus lemas existenciais e políticos. Uma vergonha.

Caso compareçam virei a este espaço dizer que me enganei e que Tapiraí está bem servida de cidadãos comuns e de representantes. De qualquer forma, se estão acostumados com o esvaziamento do COMTUR, como modo de nada se fazer de novo pela comunidade, podem esquecer, porque eu e Antonio Ricardo, José Luiz e Isabel, não iremos desistir. A partir de agora, caso não apoiem o turismo da cidade terão neste oráculo uma voz contrária às suas ações, porque nada que façam é mais importante e urgente do que executar o projeto turístico da cidade, por ser este o único meio e a última esperança para melhorarmos a vida da população de Tapiraí.

Posso está enganado, mas todos passam a impressão de gostar da estagnação e nós não nos conformamos e não deixaremos Tapiraí perder-se na inércia dos seus representantes. Amamos a exuberância natural desta cidade, sobretudo amamos a ideia de desenvolver o potencial das pessoas, porque amamos a todos como se fossem da nossa família.

 

José Carlos de Sindolfo Silva

Jornalista – MTB 32267